Gripe aviária leva à queda temporária no preço do frango no Brasil

A recente suspensão das exportações de carne de frango do Brasil, motivada por casos de gripe aviária, está gerando um alívio temporário na inflação. Economistas consultados pelo Broadcast estimam que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) pode ser até 0,10 ponto percentual mais baixo nos próximos meses devido ao redirecionamento da oferta para o mercado interno. João Fernandes, economista da Quantitas, prevê um impacto baixista de cerca de 0,10 ponto percentual na inflação, diluído nas próximas três leituras do IPCA.

Ele explica que o efeito é direto no preço das aves e também indireto via outras proteínas, como carne bovina e ovos. Fernandes ressalta que, no longo prazo, o efeito tende a ser neutro, à medida que as exportações sejam normalizadas. O Bradesco projeta um impacto desinflacionário mais brando, de 0,06 ponto percentual para o IPCA cheio nos próximos meses. Para a inflação de alimentos, o alívio estimado é de 0,4 ponto percentual, considerando um cenário em que as exportações fiquem suspensas por dois meses. O banco observa que, se a suspensão se restringir apenas às aves do Rio Grande do Sul, o impacto desinflacionário pode ser menor. A Warren Investimentos também trabalha com um impacto baixista entre 0,05 e 0,10 ponto percentual nas próximas leituras do IPCA, levando em conta um cenário em que as suspensões à compra das aves brasileiras sejam desfeitas em 60 dias.

A empresa destaca que, neste período, os preços devem recuar moderadamente, já que não há como reduzir a produção agora, o abate vai acontecer e alguma oferta adicional será disponibilizada no mercado doméstico. A consultoria LCA 4intelligence revisou para baixo a projeção para o IPCA de junho, de 0,47% para 0,41%, considerando que a restrição nas exportações deve ampliar a oferta doméstica de aves e ovos, puxando os preços desses itens para baixo. A consultoria acrescenta que o efeito-substituição pode impactar também na precificação do boi gordo.

Foco de Gripe Aviária em Montenegro Está Controlado, Afirma Ministro

O Ministério da Agricultura e Pecuária informou que o foco de gripe aviária detectado em Montenegro, no Rio Grande do Sul, está controlado. O ministro Carlos Fávaro afirmou que não há registro de novas mortes de aves, indicando o avanço da contenção do vírus. Ele destacou que o período de monitoramento segue por 28 dias para confirmar a ausência de novos focos. Fávaro explicou que, se em nenhum lugar estão aparecendo animais vivos e mortos em virtude de gripe aviária, é a certeza de que o foco está contido. Ele acrescentou que o trabalho será mantido com muita prudência e transparência. Até o momento, o Serviço de Defesa Agropecuária investiga 12 casos suspeitos de gripe aviária no país. O Ministério esclareceu que análises em amostras coletadas em granjas comerciais em Aguiarnópolis (TO) e Ipumirim (SC) continuam em andamento, após resultados iniciais indicarem baixa carga viral ou degradação do material genético. O Laboratório Federal de Defesa Agropecuária em São Paulo, referência do Ministério e credenciado pela Organização Mundial de Saúde Animal, adotou o protocolo internacional para esses casos. As amostras estão sendo inoculadas em ovos embrionados para isolar o vírus e aumentar a quantidade de material genético para exames complementares.

Suspensões de Exportações Afetam Diversos Países

A confirmação da gripe aviária no Brasil levou à suspensão das exportações de carne de frango para 20 destinos. Países como China, União Europeia, Coreia do Sul, México, Chile e África do Sul estão entre os que interromperam temporariamente as compras. As medidas incluem suspensões unilaterais adotadas pelos países importadores e a interrupção voluntária das certificações brasileiras, conforme exigido por protocolos sanitários internacionais. Nesta sexta-feira (23), o Ministério comunicou que Albânia, Namíbia e Índia suspenderam as importações de carne de frango do Brasil após a confirmação de um foco de influenza aviária em uma granja comercial em Montenegro. Angola também restringiu suas compras, mas apenas às aves provenientes do estado gaúcho. O Ministério da Agricultura afirmou que permanece em diálogo com as autoridades sanitárias dos países importadores, fornecendo informações técnicas e adotando medidas para garantir a segurança sanitária. A pasta ressaltou que o consumo de carne de aves e ovos não apresenta risco à saúde pública.

Muita Informação*

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